Amor & Caridade

Amor & Caridade

AMOR & CARIDADE

Dificuldades?
Nao perca tempo, lamuriando.Trabalhe.

Incompreensões???
Nao busque torná-las maiores, através de exigências e queixas. facilite o caminho
.
Tristezas? afaste-se de qualquer disposição ao desânimo.
André luiz-"Coragem"

quinta-feira, 8 de julho de 2010

NA CASA ESPÍRITA

http://www.espirito.org.br

Belarmino Silveira já participava desde algum tempo daquele Grupo Espírita. Havia sido atendido nos diversos tratamentos espirituais existentes na instituição, tinha participado dos estudos, e agora cooperava em algumas atividades desenvolvidas naquele Recanto Espiritual. No fundo, reconhecia-se ainda muito imperfeito, mas sentia-se feliz com a confiança depositada nele. Afinal, sabia que somente através de pequenos trabalhos se capacitaria a desenvolver atividades cada vez mais complexas.
A Casa era grande, e tinha uma enorme afluência de pessoas em busca de alívio para suas dores, consolo e orientações. Observava as pessoas irem e virem, e percebia os resultados alcançados. Ele próprio havia passado por aquele mesmo processo. Quando chegou à Casa, trazia tantas dúvidas, e havia sido tão bem atendido... Tinha, inclusive, convidado muitas pessoas e acompanhado sua melhoria ao longo do tempo.
Na medida em que Belarmino participava dos trabalhos, mais se sentia envolvido pelos amigos espirituais, mais desejava participar. Sentia-se bem em estar naquele grupo de pessoas, com defeitos, mas desejosas de se melhorarem. Sempre que podia, acorria até aquele local que sabia servir de ligação com os Planos Maiores da Vida. Belarmino seguia bem, mas um pequeno detalhe não vinha sendo adequadamente cuidado, e acabou por comprometer toda a sua trajetória. Embora estudasse, Belarmino não conseguiu apreender o que representa a Doutrina Espírita em nossas vidas. Ele se ligava às pessoas, e não ao sentido espiritual da Casa. Ele vinculava integralmente as pessoas à Doutrina, sem se dar conta que mesmo aqueles que, naquele momento, dirigiam a instituição, eram falíveis, se encontravam em processo de crescimento.
Um belo dia, Belarmino se aborreceu. Não importa aqui o motivo. Existem, na verdade, tantos Belarminos, e tantos motivos. Tudo, a partir dali, resultava em crítica. Onde antes via atenção, passou a ver intromissão. Onde antes via companheirismo, agora via hipocrisia. Não via mais valor em qualquer atividade desenvolvida naquela Casa, que antes amava. Embora ele próprio tivesse sido amparado ali, embora tivesse visto tantas pessoas adentrarem a Casa em completo desequilíbrio, sentirem-se melhor após o adequado tratamento, passou à completa descrença. Só tinha, agora, olhos para o erro. Em seguida, passou aos comentários. Sempre que o assunto vinha à tona, em sua residência, ou na própria instituição, pois ele continuava a desenvolver suas atividades lá, falava do seu descontentamento. Algumas pessoas, amarguradas como ele, passaram a lhe dar ouvidos, mas a maioria começou a se afastar. Afinal, é cansativo ficar ouvindo constantes reclamações. Havia quem perguntasse: Mas o que houve com Belarmino? Por quê ele fala mal da instituição na qual ele próprio foi atendido, e agora exerce suas atividades espirituais? Não existe afinal nada de bom nesta Casa? Será que são todos marionetes na mão de pessoas inescrupulosas?
O tempo foi passando, e Belarmino cada vez mais isolado. Certa noite, subindo a escada do prédio até o salão de palestra, ouviu a conversa de um grupo, na qual elogiava-se a Casa, falava-se do sentido que havia sido dado as suas vidas, antes tão confusas. Decidiu assistir à palestra, e diferentemente do que habitualmente fazia, prestou atenção nas palavras do expositor. Talvez por inspiração dos seus amigos espirituais, talvez pela conversa ouvida na escada, talvez porque gostasse do expositor, talvez... Ele pensava: eu o conheço, e sei que ele irá, certamente, colocar certas pessoas desta Casa em seu devido lugar. O orador, tranquilo, começou contando uma conhecida estória, que fala a respeito da crítica. Nesta estória, um expositor arrumara, cuidadosamente, uma mesa, cobrindo-a com uma belíssima tolha de linho branco, que tinha uma pequena mancha em determinada extremidade. Quando perguntou o que as pessoas estavam vendo, elas responderam uníssonas: uma mancha na toalha.
Aquela estória caiu sobre Belarmino como um raio. Achou que todos olhavam para ele. Baixou a cabeça, até tomar coragem de olhar em volta.
Percebeu que ninguém olhava para ele, as pessoas estavam atentas à palestra, buscando absorver os conceitos que eram apresentados. Experimentou um brilho em seus olhos que não percebia há muito. Por quê seria? Parou para refletir, e chegou à seguinte conclusão: o brilho jamais deixou de existir, ele, Belarmino, é que havia perdido a capacidade de alcançá-lo. Acostumara-se a criticar, e achava que tudo o que diziam era para ele. Belarmino sentiu-se envergonhado, seus olhos ardiam, mas não conseguia chorar. Olhou, novamente, em volta. Se deteve em alguns rostos, viu esperança em uns, alívio em outros, mas ainda existiam rostos aflitos, expressões perturbadas. Aí, então, Belarmino chorou. Concluiu que, nos últimos tempos, suas opções foram erradas. Poderia ter escolhido desanuviar essas expressões perturbadas, aliviar os corações aflitos. Mas a sua opção fora a da crítica contínua.
As lágrimas ainda corriam, quando deu-se conta que a reunião havia terminado, e o público já se levantava. Levantou-se, também, e sorriu. Sentia-se leve como há muito tempo não se sentia. Deteve-se nos quadros de aviso, leu as mensagens, cumprimentou as pessoas.
Desde aquele dia, Belarmino mudou sua atitude. Quando percebia uma falha qualquer no trabalho, e muitas existiam, não mais criticava. Ele se perguntava: o que posso fazer para corrigir esta falha? Oferecia-se para ajudar, cooperando no atendimento das pessoas. Belarmino, agora, parecia entender o que é ser espírita!

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